Crônica: A noite que poderia ter sido diferente

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Vinte e três de maio de dois mil e doze. Era mais uma noite de futebol. Mais um jogo pela libertadores da América. Mais uma vez em busca do sonho do título que falta para o tricolor das laranjeiras. Na noite de quarta feira tudo estava em seu devido lugar, menos minha emoção. O jogo da Libertadores estava prestes a começar, mas o medo e o nervosismo eram tão grandes que recusei-me a assistir ao primeiro tempo, mas no começo do segundo, acabei cedendo. O temido “jogo de volta” estava acontecendo, e eu com os olhos fixos na tela, as mãos segurando uma a outra, e meu coração pulsando compulsivamente. 

Assim que observei o placar, ocorreu um movimento involuntário de minhas mãos à cabeça quando lembrei que, com o resultado do jogo anterior e o do atual, os dois times iriam para os pênaltis. O Boca Juniors tinha vencido o primeiro jogo na Bombonera por 1x0, e em caso de empate, o time argentino levaria a melhor. O fluminense estava desfalcado, mas mesmo assim não se deixou abater quando Thiago Carleto abriu o placar no Engenhão para o tricolor carioca. O sonho parecia próximo de virar realidade, mas ainda assim não foi o suficiente.

No começo não estava conformada com o placar, queria gols, queria ver a torcida vibrando, queria que o nervosismo se esvaísse, queria poder sonhar além dessas quartas de final, além dos quase anteriores tanto na sul-americana como na libertadores nos quatro anos anteriores. Todavia, ao avistar que faltavam somente seis minutos para o jogo terminar, o que mais queria era que tudo ficasse em seu devido lugar. A tensão tomava conta de mim.



Foram os seis minutos mais longos da minha vida, e aquilo que mais temia aos 45 minutos do segundo tempo ocorreu, para minha infelicidade e de toda uma nação: um gol o meu time levou! E pensar que o Fluminense deixou passar esse mesmo time na fase anterior por uma falha nossa... que poderia ser inútil naquele momento, agora virou um pesadelo, um grande tormento. O narrador gritou: “GOOL!”. Tudo que estava a minha volta desabou. Lágrimas escorreram em minha face, e aos últimos instantes do jogo recusei-me a assistir. 

Podia parecer besteira, naquele dia em que classificamos o Boca Juniors, mas agora aquela falha desclassificou o meu time da Libertadores 2012. Aquele título inédito e esperado por todos os torcedores acabou com o apito final. Nossa meta estava tão perto... agora tão longe. Um erro, uma desclassificação, muitas decepções. O gol de Santiago Silva no final do segundo tempo eliminou o fluminense e adormeceu - mais uma vez - o sonho de erguer a taça mais importante para os clubes da América. Todos têm uma desculpa: "foi sorte", "culpa de Cavalieri", "O boca é time de tradição", "O Flu estava desfalcado", mas para mim, nada mais fazia sentido. 

Abracei meu pai e disse: “Queria muito esse título, mas nem tudo é como queremos.” Um erro não justifica o outro, mas um abraço alivia o coração e ameniza o choro. Desabei em lágrimas novamente assim que cheguei ao meu quarto. Mas o que alivia é que outras oportunidades virão, mesmo que agora seja um dia triste, amanhã será um dia feliz, e, claro, sem desclassificações, por favor!



Ps: Essa foi uma crônica escrita por mim e publicada originalmente no jornal "Pois Diga!" do IFRN campus Ipanguaçu no ano de 2012 e reformulada no ano de 2016.

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