Rio 2016: O espetáculo mora ao lado

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Desde o dia 2 de outubro de 2009 o Rio de Janeiro foi escolhido para ser a sede dos jogos olímpicos de 2016. Na ocasião, o então presidente Lula falou em seu discurso que os jogos do Rio seriam inesquecíveis, pois estariam cheios de magia e da paixão do povo brasileiro. De certo modo, as palavras do ex presidente se concretizaram. A capital fluminense vinha se preparando e fez um lindo espetáculo em sua abertura que foi no último dia 05.

Apesar das dificuldades encontradas ao longo do caminho, sejam as obras atrasadas, as que desabaram, os problemas de segurança, de comodidade para os atletas, de saúde em decorrência da epidemia de zica no país e até mesmo a crise política que estamos vivendo, não foram capazes de fazer com que os jogos do Rio de 2016 fossem cancelados.

Na última sexta, o maracanã foi palco para uma belíssima abertura que contou com o desfile da modelo Gisele Bündchen, com a apresentação dos mais diversos artistas nacionais, o apelo à conservação da natureza, o show de detalhes e efeitos especiais, emocionando assim os gringos e até mesmo aqueles que assistiam no conforto do sofá de suas casas. Todavia, sabemos é que a realidade de alguns não é tão aconchegante assim. 

A discrepância entre classes nesse pais, onde uns assistem tudo de dentro do estádio, vendo as maravilhas do Brasil, e a realidade nos morros e periferias onde a violência predomina acabam sendo ocultadas, parecendo inexistente, como se nossa pátria fosse constituída de muito carnaval, cerveja, floresta amazônica e a paz reinasse aqui. Entretanto, sabemos que a realidade é um pouco diferente do que foi apresentado nas aberturas das Olímpiadas. 

O sonho de muitos garotos na periferia não é nem assistir os jogos lá de perto e ter uma vida cheia de fama e dinheiro, mas se tornar um atleta e poder trazer uma vida agradável pra sua família. Não precisa nem ir ao Rio de Janeiro para saber disso, é só se deparar com uma criança que não é de classe A, não recebe mesada e não tem pais que te deixam todos os dias em uma escola de elite, já que muitas vezes o que seus pais ganham durante um mês não dá nem pra pagar a mensalidade de uma desses colégios. As crianças que moram na periferia, assistem de perto o crime de uma sociedade que foi marginalizada, de condições precárias, de casas que se sobrepõem, de sonhos que ficam presos em sua imaginação.

Uma população que em sua grande maioria vive a mercê de julgamentos, de opressões, de serem motivos de repúdio. Por morarem em um local onde homens seguram fuzis rotineiramente, essas pessoas são tratadas como uma ameaça para a sociedade, como se só ali existisse o crime propriamente dito. São crianças que muitas vezes tem uma vontade enorme de crescer na vida, mas não encontram oportunidade alguma e vislumbram todo um show do alto do morro imaginando como seria se tivessem o privilégio que poucos possuem, mas que todos deveriam usufruir.

O Brasil presenciou o início de um lindo espetáculo olímpico, mas é necessário que esse espírito de orgulho nacional outrora sentido, perpasse as competições e que o verdadeiro espetáculo seja refletido em um futuro melhor para nosso país.

Foto: Tércio Teixeira -  R.U.A Foto Coletivo

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