Jogue, lute e persista como uma mulher

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Desde crianças somos influenciados pelas mais diversas pessoas de que esporte é coisa pra homem. Todo o apoio comercial é oferecido para as seleções masculinas. No futebol, o público só comparece em grande massa para os jogos dos meninos e a grande mídia oferece quase todo seu espaço para divulgar suas respectivas competições. Ser mulher e ser esportista não é coisa fácil. Nunca foi. A inserção da mulher nesse campo tem acontecido de forma irregular, os êxitos foram conquistados com muitas dificuldades.

Na Grécia Antiga surgiram os primeiros jogos olímpicos, as panatéias, em que as mulheres tinham sua participação proibida, com a justificativa de que poderiam ter danos fisiológicos, já que o acesso ao local das provas era muito íngreme. Foi somente no século XVIII e início do XIX que a mulher começa a retomar o acesso aos esportes, quando cavalheiros ingleses passam a levar suas esposas a assistir alguns eventos como corridas de cavalo. Época que as mulheres iniciam a participação em eventos tipicamente masculinos, como boliche, arco e flecha e alguns esportes praticados na neve.

No Brasil, essas tiveram sua participação no esporte, primordialmente, no período de independência com a chegada dos imigrantes europeus. As mulheres da elite tinham maior acesso aos bens culturais e a educação, além de algumas práticas advindas da Europa como a ginástica e algumas modalidades esportivas como a natação e o tênis. No entanto, participar das praticas desportivas não foi, nem é tão simples quanto aparenta. 

Muitas meninas são julgadas pelo simples fato de querer, por exemplo, praticar futebol. Questionam sua orientação sexual, sua vontade e até mesmo se a prática é resultante de um desejo de ficar mais próxima dos garotos. Quando conseguem mostrar para que vieram, ao apresentar uma força de vontade imensa e um talento evidente achando que enfim conseguiram um lugar ao sol, são vítimas da falta de oportunidade, da discrepância salarial e  do preconceito.

A falta de oportunidade é algo muito recorrente, elas precisam treinar ou jogar com times mistos por falta de incentivo ao esporte, por não ter onde treinar, por não ter como. No que diz respeito ao preconceito, é muito frequente escutarem frases desestimulantes: um "Jogue como um homem", "lugar de mulher é cuidando da casa", dentre tantos outros insultos que sou incapaz de mencioná-los. Lamentável.

Como se já não bastasse tudo isso, as meninas que conseguem se destacar no que fazem sofrem com a discrepância salarial. Alguns esportes conseguem premiar homens e mulheres igualmente, como é o exemplo do Tênis que premia há mais de 10 anos homens e mulheres igualmente em um de seus torneios. Entretanto, não é difícil encontrar aqueles em que as mulheres ainda recebem pouco em comparação aos homens. As lutadoras de MMA  recebem menos da metade que homens no UFC, por exemplo.

No que diz respeito a visibilidade, as modalidades masculinas sempre receberam uma atenção muito maior que as femininas, tendo impacto direto com a afeição que os telespectadores têm, já que as práticas masculinas são mais difundidas. Em contrapartida, as práticas realizadas pelas mulheres são esquecidas, invisíveis ou não recebem a divulgação que merecem. As poucas vezes que conseguem são em grandes torneios, como os jogos olímpicos, por exemplo.

Nos último dias, o foco do país está voltado para as conquistas de lugar no pódio, medalhas e vitórias das mulheres nas olímpiadas. Diante desse impacto, as competições em que as brasileiras estão participando nesses jogos vem ganhando mais torcedores, esses que que veem nas meninas uma maior representatividade, mais foco, mais determinação. Entretanto, o que muitos não lembram é que os jogos olímpicos é um dos poucos eventos que fazem com que as meninas ganhem o destaque na mídia que tanto merecem, esse destaque que buscam diariamente e que sofrem com a falta de apoio tanto dos patrocinadores, quanto do público.

Apesar das adversidades, as mulheres invadiram os campos de futebol, as quadras e tudo que diz respeito a prática esportiva, tornando-se assim campeãs não só de suas práticas esportivas, mas principalmente dos seus próprios limites. A primeira medalha de ouro conquistada nos jogos olímpicos do Rio 2016, veio da força de uma mulher, Rafaela Silva, que conquistou no tatame a tão merecida medalha. Com garra, não só Rafaela, mas as demais mulheres adentraram no mundo esportivo e vem nos mostrando a cada dia que passa que o esporte é sim para homem e mulher. Por isso, tenhamos como exemplo as meninas que lutam, jogam e não desistem de seus objetivos. Persista como uma mulher!

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1 comentários. Clique aqui para comentar também!

  1. As olimpíadas vieram ai mostrar que as meninas tem tanta qualidade quanto os caras no futebol e que merecem sim visibilidade! Arrasou no texto!

    beijo
    beinghellz.com

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