Sobre os planos que fazemos pra gente e o lugar que a vida nos leva

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Por volta dos 15/16 anos a gente quer mesmo é viver. Sem muitos planos ou sonhos, a vida é ali e agora. E pronto. Resolvido. Mas eu sempre fui uma menina muito sonhadora. Daquelas que passa horas imaginando se seria mais interessante morar num lugar frio, mas cheio de roteiros pra percorrer, ou num lugar quente, mas pertinho da família. Aos poucos as escolhas veem à tona e precisamos nos decidir. Porque até mesmo não tomar atitude nenhuma é uma forma de decisão. E logo eu, a mais indecisa do mundo, com ascendente em gêmeos, preciso escolher por mim. Já cantava los hermanos "Ora, se não sou eu, quem mais vai decidir o que é bom pra mim?"

Por ser muito sonhadora, eu já tinha uma espécie de futuro planejado: jornalismo, federal do meu Estado, formatura antes dos 22, independência financeira, pessoal e amorosa. Perfeito, né? A vida me mostrou que não é bem assim. O lugar em que estou hoje é praticamente o que sonhei há cinco anos. Talvez bem mais do que sonhei. Mas a conclusão que chego até aqui é de que o que realmente tem sido importante de lá até aqui não foi o que conquistei ou a rotina que levo hoje, mas o caminho pra chegar no agora. As pessoas que conheci, novos sonhos que estipulei, as quedas, as vezes que levantei, as perdas e os ganhos. Tudo isso tem sido muito importante até então.

Mesmo estando exatamente onde queria estar, ainda sinto a ausência de muitas coisas. A independência financeira é muito boa, mas diante da rotina corrida, fica quase impossível viajar e aproveitar o dinheirinho extra no fim do mês. Estar quase se formando é um pouco amedrontador pela incerteza do futuro diante do momento político que o país passa hoje. Poder sair para onde quiser, na hora que preferir, não têm tanta graça depois de um dia cansativo em que você só quer deitar na cama e ver netflix. Depois de tudo isso ficou claro que eu não sei o que esperar dos cinco anos que vem pela frente e que nós nunca estaremos 100% satisfeitos com algo, mesmo que a gente tenha sonhado muito com aquilo. E sabe? acho isso demais! Porque são os nossos sonhos que nos movem, e se novas metas não surgissem, ficaríamos estagnados no mesmo lugar durante uns 30 anos.

Precisei de cerca de cinco anos para me dar conta de que tudo que fazemos hoje é refletido no amanhã e de que a vida é isso, é o agora, e que precisamos aproveitá-lo do jeitinho que ele é. Cheio de incertezas, de planos que ficaram pelo caminho, de pessoas que passaram e outras que chegaram. E que bom que a vida pode ser bem mais do que um ritual do que fazer a cada dia, a cada ano, a cada hora. É muito chato viver com um manual de instruções nas costas definindo que devemos nos formar aos 22, casar aos 25, construir uma família antes dos 30 e falar pelo menos 3 idiomas aos 18 anos para sermos pessoas bacanas. A reflexão que levo de tudo isso é que é muito bom ter planos, mas olhar pra trás e perceber que o caminho que trilhamos foi essencial para sermos o que somos hoje e necessário para o nosso amanhã.

A vida não tem um manual de instruções.

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