O vendedor de sorrisos

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Um pé na frente, o outro atrás. Com sua bicicleta seu Nilson percorre quase toda a cidade. Pela manhã ele vai da Avenida Salgado Filho até a Avenida Bernardo Vieira. Carrega na sua garupa uma dúzia de pastéis, coxinhas, sucos e um turbilhão de histórias. Estaciona sua bicicleta azul piscina na calçada ao lado do sinal, não só para vender os salgados que prepara com muito amor e dedicação, mas para distribuir um sorriso amigável para todos que atravessam as rodovias que transita diariamente. 

Sorri para a mulher de saia longa, acena para a menina que está com um crucifixo no pescoço e repete os gestos todos os dias para as mais diversas pessoas de maneira doce e afável. Quem ultrapassa o sinal e observa o senhor com cerca de um metro e sessenta de altura, de boné azul e com o braço encostado na caixa térmica, acredita que ele conhece há anos toda aquela gente que cumprimenta diariamente. Algumas talvez ele realmente conheça há um bom tempo, outras Nilson conseguiu conquistar através do seu sorriso discreto e seu jeito prestativo de não deixar um bom dia sequer passar. 

Nilson esbanja uma simplicidade sem tamanho.  Mas não uma simplicidade pela ausência de bens materiais, mas sim a de alguém que não possui nenhum tipo de prepotência. 

Expõe em seu rosto uma barba por fazer, na qual surgem resquícios de fios grisalhos e carrega no peito uma enorme satisfação de formar um filho engenheiro da computação na melhor universidade pública do norte e nordeste.

Sustenta cotidianamente no equilíbrio de sua bicicleta as adversidades da vida, as lembranças do que já viveu, mas em nenhum minuto consegue negar a uma pessoa sequer o sorriso mais cortês daquela cidade. Sua gentileza e delicadeza alastram-se pelas ruas da capital potiguar rotineiramente pelos mais de 2,5 km percorridos matinalmente, faça chuva ou faça sol.

A bicicleta azul transmove não só seu Nilson, mas um punhado de histórias, sonhos e esperanças, de sorrisos repletos de amabilidade e muita simpatia. 

Talvez na próxima calçada que passar, ou no próximo sinal que esperar fechar, você esbarre por seu Nilson. Só não esqueça de retribuir com gentileza o sorriso que percorre mais caminhos que seu dono em sua bicicleta.

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